Quando a notícia de que alguns alunos da Flórida tinham usado o “tal de ChatGPT” para escrever ensaios explodiu nos jornais norte-americanos, confesso que a manchete soou distante aqui em Governador Valadares. Parecia mais um daqueles dramas escolares gringos que a gente assiste de longe, já que, convenhamos, nossos colégios públicos mal contam com laboratório de informática decente. Só que a poeira baixou, os documentos oficiais vieram à tona — e ficou claro que nem mesmo os americanos, líderes em tecnologia, estavam prontos para domar essa nova criatura digital. De lá para cá, a IA virou arroz-com-feijão nas tarefas do cotidiano e a pergunta que chega à minha caixa de e-mails vira-e-mexe é a mesma: “Gabriel, dá para usar o ChatGPT sem que todo mundo comece a colar?”
A resposta curta é sim, mas exige mudança de mentalidade. Primeiro, é bom entender o “efeito tsunami” que bateu às portas das escolas dos EUA em 2023. Enquanto alguns estados ignoravam solenemente o tema, outros contratavam consultorias pagas para ministrar workshops cheios de otimismo: slides explicando que a IA “dá um cérebro ao computador”, dicas de vinte usos do chatbot na aula e muita fala sobre avaliação automática de redações. Parecia um festival de oba-oba, até que professores descobriram, na prática, que a ferramenta podia gerar textos inteiros e que havia, sim, um risco real de alunos se tornarem “analfabetos funcionais digitais”, confiando cegamente na máquina.
Se isso aconteceu em Harvard e na Califórnia, imagine em Governador Valadares ou no interiorzão de Minas, onde o ensino público luta para trocar lâmpada na sala de aula. A ironia é que, por aqui, a carência pode virar trunfo: diferentemente das escolas americanas, que precisaram revisar políticas às pressas, nós ainda estamos na fase de adoção. Ou seja, dá para criar diretrizes desde o começo e usar a IA como aliada, não como inimiga.
Pense na professora Maria, de Caratinga, que corrige quarenta cadernos por noite depois do expediente. Se ela aprende a pedir ao ChatGPT um rascunho de feedback, ganha meia hora de descanso, tempo que pode ser investido em planejar atividades mais criativas. E imagine o aluno João, do nono ano, que perde o medo da redação quando vê a IA sugerir uma estrutura de introdução-desenvolvimento-conclusão que ele pode aprimorar, em vez de copiar. A mágica acontece quando o professor orienta: “João, use apenas como esqueleto, depois reescreva com as suas palavras.”
O argumento de que a IA vai incentivar cola é velho — disseram o mesmo sobre a calculadora científica. A diferença agora é que o ChatGPT conversa, erra com confiança e pode se tornar um “falso mestre” se ninguém ensinar o aluno a checar fontes. Cabe à escola pública brasileira abraçar dois movimentos simultâneos: alfabetização digital crítica e criatividade orientada. Isso significa, na prática, planejar projetos em que o estudante precise filmar, debater, prototipar, comparar resultados de IA com dados do bairro. A tecnologia entra como ferramenta, não como muleta.
Outra vantagem local é o contexto comunitário. Quando proponho um exercício de jornalismo cidadão sobre o Rio Doce, por exemplo, o ChatGPT pode ajudar a resumir relatórios ambientais complexos que o aluno dificilmente leria. Depois, cabe à turma sair a campo, entrevistar pescadores, fotografar margens e cruzar a narrativa gerada pelo robô com a realidade palpável. O resultado final — reportagem, vídeo, podcast — é híbrido, rico e, acredite, dificílimo de plagiar.
Claro que há pedregulhos no caminho. A maioria das escolas públicas funciona em rede estadual ou municipal e os laboratórios dependem de orçamento. Só que boa parte dos estudantes já tem celular com 4G; falta política de dados patrocinados, orientação de uso e formação docente. E aí entra o convite: meu trabalho, como consultor de IA aplicada à educação, é exatamente pegar a mão de gestores, professores e até pequenos empresários que queiram patrocinar projetos de alfabetização tecnológica nas escolas da sua região. Desde a criação de protocolos de ética até a elaboração de oficinas práticas, ofereço materiais, capacitação presencial ou on-line e acompanhamento contínuo. Se você é diretor, professor ou empresário com olhar social e quer experimentar, me chama no WhatsApp (31) 9 7225-5110 ou manda um “quero saber mais” para eu@izaiasgabriel.com. Vamos juntos construir um modelo que faça sentido para a nossa realidade, sem copiar roteiro importado.
É bom lembrar que o ChatGPT mudou muito desde 2022. Hoje, a versão multimodal lê PDF de cem páginas, resume contrato e ainda gera imagem. Para o estudante de escola pública, isso significa ter um “bibliotecário digital” no bolso, algo que nivela o jogo com quem paga cursinho caro. Para o professor de português, significa que corrigir cem redações pode levar meia hora a menos. E para o microempresário que financia a feira de ciências, significa divulgação turbinada com posts que parecem saídos de agência. A tecnologia, enfim, democratiza acesso — desde que haja ponte humana para explicar, filtrar e inspirar.
Encerrando, deixo o recado direto ao leitor que, no fundo, teme ser engolido por tanta novidade: experimentar é melhor do que proibir. A IA já está no WhatsApp da sua família, nos filtros do Instagram e nos bastidores das suas séries de streaming. Se a escola tentar fechar a porta, o estudante vai pular a janela digital. Portanto, a saída é abrir o laboratório, ensinar ceticismo saudável e estimular autoria. E, sempre que precisar de roteiro, capacitação ou simplesmente de um ombro amigo de suporte tecnológico, conte comigo — Izaias Gabriel, o mineiro que traduz IA para gente de carne, osso e boletos a pagar. Manda um “oi” e vamos colocar o ChatGPT para trabalhar a favor do seu projeto, da sua aula, do seu negócio.